domingo, 27 de fevereiro de 2011

"A Teologia me fez mal"

                                                  Por Francisco Jr.



Já ouvi muitas vezes, em círculos cristãos, alguém insinuar ou dizer mesmo com todas as letras que "teologia faz mal ou a teologia me fez mal..." Mas, de qual teologia estamos falando? Se for da teologia que declara a inerrância e suficiência da Bíblia e o amor por sua verdade; enfatiza a realidade da queda humana e a soberania de Deus na Salvação; a importância da obra da Cruz de Cristo, e é trinitariana e teocêntrica, então não é apenas de um compêndio na prateleira de uma biblioteca, ou de um curso de faculdade, que estamos falando, mas da teologia que "refere-se ao estudo, ao conhecimento, à comunicação e ao ensino de Deus, e à aprendizagem sobre Deus." (John Frame) E se "fazer mal" é derrotar o antropocentrismo, então graças a Deus, a teologia faz mal mesmo. Fez mal a mim, e por esse parâmetro faz e fará mal a muita gente.

Não somos o centro do universo e por isso a teologia nos causa dor e desconforto. A teologia, entre outras coisas, trata da questão da nossa relação com o Criador, e não há substitutos para ela (Tozer). Nosso menosprezo pela teologia, só reforça a idéia de que continuamos nos escondendo de Deus, constrangidos por nossa condição pós-queda (Gn. 3.8). E, nos escondemos muitas vezes, em nome de uma suposta espiritualidade (sem conhecimento); na presunção de uma eleição (sem frutos); escondemo-nos numa adoração (sem devoção), e ainda, numa floresta de pecados tentando fingir que Deus não está presente.

Na verdade, a idéia de que teologia faz mal, está fortemente enraizada, no mesmo conceito distorcido de que “a letra mata”. É o mesmo antiintelectualismo de sempre, que ganhou força, segundo Nancy Pearcey (Verdade Absoluta, CPAD, Rio de Janeiro, 2006), na origem do evangelicalismo do século XIX. O pragmatismo que estava no nascedouro do movimento evangelical levou a uma abordagem hostil em relação à teologia que persiste em nossos dias, como descreve Mcgrath:

A natureza fortemente pragmática do movimento (evangelical), levou a uma ênfase no crescimento da igreja, pregação de sentir-se bem e estilos de ministério informados em grande parte pela psicologia secular. O papel da teologia clássica sofreu erosão séria, com seminários evangélicos deixando de dar-lhe o lugar de honra que antes lhe fora universalmente atribuído. A teologia não é mais vista como integral para manter e nutrir a identidade cristã no munddo, nem como recurso seminal em forjar novas abordagens para o ministério. (McGRATH, Alister. Paixão Pela Verdade. Shedd Publicações, São Paulo, 2007)

É importante salientar que a teologia nutre a genuína identidade cristã em nós. Portanto, se faz mal, o faz às práticas que distorcem o ensino cristão, como podemos ver nos exemplos que seguem:

Faz mal ao homem caído, que recusa aceitar a triste realidade do seu estado. Prefere pensar que tem algo de bom, ou que tem capacidade de escolher o bem por conta própria. A este com certeza a teologia fará mal, pois vai lhe dizer, sem clichê ou brandura, és "um desgraçado, pobre cego e nu” (Ap.3.17); vai mostrar a profundidade da queda em todas as áreas do seu miserável ser, e deixar-lhe ciente da sua total incapacidade de se reerguer.

Faz mal ao orgulhoso, que tem fortes dores de cabeça ao pensar que a salvação não depende dele, afinal, em seu conceito a graça de Deus "precisa" da sua boa vontade e do seu esforço também. A este a teologia vai dizer que "tudo provem de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo" (2Co.5.18), não deixando qualquer espaço para vangloriar-se na presença de Deus.

Faz mal ao soberbo o suficiente para imaginar que escolheu a Deus, e foi soberano nesta escolha, satisfazendo um deus que busca desesperadamente a aceitação dos homens. A este a teologia vai dizer sem rodeios que foi o Senhor que "nos escolheu antes da fundação do mundo" (Ef.1.4; Jo.15.16)

Faz mal ao arrogante. Há uma tendência atual, de colocar o homem como centro e medida de todas as coisas. Há um culto à auto-estima sendo prestado em lugar de culto ao Deus verdadeiro. Temos líderes enaltecendo a arrogância e difamando a humildade. Já presenciei reuniões em que o culto é interrompido e todos ficam de pé para a entrada triunfal do líder e sua comitiva, até mesmo no momento em que a Palavra esta sendo pregada. E ninguém questiona essa aberração! Não tem como a boa e salutar teologia não fazer mal num ambiente como esse. A glória que só pertence a Deus está sendo usurpada!

Ninguém pode estudar a Bíblia sem dizer que está estudando teologia, ninguém pode estudar teologia sem estudar a Bíblia. Claro que más atitudes podem persistir - e persistem - na vida de qualquer estudante de teologia, tenha ele motivos nobres ou não. Mas isso acontece por causa da queda e não da teologia. Parafraseando Michael Horton (Creio, Cultura Cristã, São Paulo, 2005), dizer que teologia faz mal é o mesmo que dizer que estudar a Biblia faz mal, ou conhecer a Deus é ruim.

O segredo da vida é teológico e a chave para o céu também. Aprendemos com dificuldade, esquecemos facilmente e sofremos muitas distrações. Devemos, portanto, decidir com firmeza estudar teologia. Devemos pregá-la do púlpito, cantá-la em nossos hinos, ensiná-la aos filhos e fazer dela tema de conversa quando nos reunimos com os amigos cristãos (TOZER, A.W., O melhor de A.W.Tozer, Ed Mundo Cristão, São Paulo, 1994)

Àquele que nos escolheu antes da fundação do mundo e nos guia pelo caminho da verdade, em quem está toda sabedoria e todo conhecimento, seja a glória pelo século dos séculos.

fonte: Blog Adoração e Pregação http://adoracaoepregacao.blogspot.com/2011/02/teologia-me-fez-mal.html

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Abba, Pai!


Quando viveu como homem nessa terra, Jesus participou de uma intimidade com Deus como nenhum outro homem ousou experimentar. Jesus era envolvido de um relacionamento íntimo com o Pai e habitado pelo Espírito do Pai ,chamou Deus por um nome que expressava toda essa proximidade,causando escândalo aos líderes religiosos de sua época e abalando a opinião pública de Israel, o nome que o identificava intimamente com Deus era: “Abba”.

As crianças judias só usavam essa forma íntima de expressão em relação aos seus pais. Como um termo a ser usado em relação ao próprio Deus, no entanto, nunca se havia usado(ou ousado) tal forma coloquial, não só no judaísmo, mas em nenhuma outra religião do mundo. "Abba”, como forma de se dirigir a Deus, é única e original de Jesus. O mundo religioso do I século foi confrontado com essa nova e íntima expressão em relação a Deus. Essa maravilhosa expressão nos foi revelada por Jesus, o Filho Amado, não guardou essa experiência de proximidade com Deus para si mesmo. Ele não só abriu as portas para esse relacionamento,como também nos chamou para compartilharmos do mesmo relacionamento íntimo e libertador com o Pai.

Segundo o apóstolo Paulo "... porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos: 'Aba, Pai'. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus" Rm 8:14-16. João, o discípulo "a quem Jesus amava", escreveu: "Pensem no amor incrível que Deus demonstrou para conosco ao permitir que sejamos chamados 'filhos de Deus' e não somos apenas chamados assim, mas de fato somos filhos de Deus" 1Jo 3:1.

Participemos então deste relacionamento próximo com o nosso “Paizinho”,seguindo assim o exemplo do Filho, vamos nos aproximar intimamente do Pai.

Pb. Francisco de Aquino, membro da Igreja “O Brasil para Cristo” Kemel – Poá e professor do Instituto Bíblico O Brasil para Cristo (I.B.B.C.) em Suzano e Poá.